segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

International Night

Posted by Peterson Mayrinck On 08:52


No último sábado, 29 de janeiro, a Saint Mary's University organizou a International Night 2011 - uma festa com dança, música e comida de várias partes do mundo. Um evento muito legal que contou a presença de cerca de 450 pessoas - brasileiros (BR), franceses (FR), islandeses (IS), chineses (CHI), bengaleses (BG), finlandeses (FIN), filipinos (PHI), africanos e muitos outros povos tiveram representantes (seja como estudantes, professores ou convidados). Talvez apenas a ONU consiga juntar tanta gente de tantos países diferentes em uma mesma sala (okay, exagerei hehehe).

Nessa foto de cima, da esquerda para a direita temos: Mariana (BR), Krístin (IS), eu (BR), Tatiana (BR), Nich (PHI), Arman (BG), Lily (CHI), Laureline (FR), Claire (FR), Laís (BR), Magnús (IS), Aura (FIN) e uma menina que não conheço hehehe. Essas são as pessoas com quem mais ando por aqui - alguns de nós, inclusive, jogamos futebol juntos no time International United!

E o nome do time, assim como o lema da festa, é união, integração de diversas culturas em uma tentativa de formar sociedades melhores. Muitas pessoas, muitas culturas, mas apenas um mundo: o nosso.



sábado, 29 de janeiro de 2011

Shabbat

Posted by Peterson Mayrinck On 12:11

“É característico dos espetáculos sublimes arrebatar todas as almas e fazer de todos os presentes meros espectadores.”*


Hoje, sábado, fui a uma sinogaga pela manhã. As três horas de cerimônia religiosa fizeram com que eu me sentisse exatamente assim: arrebatado. Não sei explicar o motivo além daquilo que pude sentir na hora, uma mistura de muda contemplação de tradições mantidas por séculos e esmagamento do espírito tamanha força religiosa. Apesar de ter se tratado apenas de um (quase) típico sabbath judeu, aquilo tudo me espantou. Infelizmente não pude tirar fotos (é ‘proibido’ fazer fogo no sabbath; como eletricidade seria a evolução do fogo e a máquina usa energia elétrica, então não podia usar a câmera dentro do templo), mas não acho que as imagens iriam realmente capturar o sentido completo.



“Há um infinito fora de nós? Esse infinito é único, imanente, permanente, necessariamente substancial posto que é infinito e que, se lhe faltasse a matéria, ficaria limitado? Necessariamente inteligente, posto que é infinito e que, se lhe faltasse a inteligência, acabaria ali? Esse infinito desperta em nós a idéia de essência, enquanto que não podemos atribuir a nós mesmos senão a idéia de existência? Em outras palavras, não é ele o absoluto daquilo de que somos o relativo?

Ao mesmo tempo que há um infinito fora de nós, não há um outro infinito dentro de nós? Esses dois infinitos (que horroroso plural!) não se sobrepõem um ao outro? O segundo infinito não é, por assim dizer, subjacente ao primeiro? Não é o seu espelho, seu reflexo, seu eco, abismo concêntrico a um outro abismo? Este segundo infinito também é inteligente? Pensa? Ama? Tem vontade? Se os dois infinitos são inteligentes, cada um deles tem um princípio de vontade, e há um eu no infinito de cima, do mesmo modo que há um eu no infinito de baixo. O eu de baixo é a alma; o de cima é Deus.


Colocar o infinito de baixo em contato com o infinito de cima, por meio do pensamento, é o que se chama orar.”**


* Victor Hugo – Os Miseráveis, página 281
** Victor Hugo – Os Miseráveis, páginas 497-498

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Posted by Peterson Mayrinck On 10:41

Enquanto podemos ir e vir em nossa terra natal, imaginamos que as ruas nos são indiferentes; que as janelas, os telhados e as portas não nos dizem nada; que as paredes nos são estranhas; que as árvores são como todas as outras, que as casas onde não entramos são inúteis, que as calçadas por onde caminhamos são simples pedras. Mais tarde, quando estamos longe, percebemos que aquelas ruas nos são caras; que aqueles telhados, aquelas janelas e aquelas portas nos fazem falta; que aquelas muralhas nos são necessárias; que aquelas árvores nos são queridas; que naquelas casas onde não entrávamos, todos os dias entrávamos; e que deixamos entranhas, sangue e coração naquelas calçadas. Todos esses lugares que já não vemos, que talvez não tornemos a ver, e dos quais gravamos a imagem, enchem-se de um doloroso encanto, nos voltam à lembrança com a melancolia de uma aparição, nos fazem visível a terra santa, e são, por assim dizer, a própria forma do Brasil; gostamos deles e os evocamos tais como são, tais como eram, e nos obstinamos, não queremos que nada se altere, porque gostamos da figura da Pátria como do rosto de uma mãe.

(trecho do livro "Os Miseráveis", de Victor Hugo, levemente modificado para se adequar ao meu caso)

Saudade de casa, das pessoas, do mundo que é a minha cidade, do universo que é o meu país. Aqui as coisas são muito diferentes e é nessa diferença que encontro o que antes estava perdido ou eclipsado. Aprender coisas novas é tão importante quanto rever o que já se sabia; o importante da vida é que ela nos permite montar sobre diferentes estruturas tudo aquilo que experimentamos - camadas sobre camadas que se integram em um todo que vai além do que é possível imaginar. E acima de tudo isso ficam os sentimentos - e entre os sentimentos, o mais importante é o amor.

E afinal, como diria uma garotinha, "saudade é o amor que fica".

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Duas semanas

Posted by Peterson Mayrinck On 13:41

Duas semanas já em Halifax. Os dias passam com a frieza do quarto nas noites (cada vez mais complicado cair no sono, talvez seja o silêncio opressivo à noite ou alguma outra coisa que ainda não identifiquei), sorrisos amigos durante o dia e neve, chuva, ou o fraco sol que não é capaz de derreter o gelo lá fora.

Foram duas semanas muito agitadas! O tempo que passo no meu quarto é muito pouco comparado com o que passo na "rua" - e acho que a falta do computador (ele está quebrado acho que desde a minha primeira semana aqui... primeiro com um problema provavelmente relacionado ao frio e agora com o carregador "quebrado") agravou ainda mais a situação. Mas cá estou eu! Hoje mesmo fui comprar um notebook e já estou escrevendo nele (e me adaptando ao teclado diferente). Esse tempo todo dei pouca notícia, mas sempre que possível eu entrava no Facebook e no meu e-mail e respondia do jeito que dava (já que às vezes eu estava na biblioteca, no laboratório de computação ou simplesmente em um computador de acesso rápido a caminho do restaurante da universidade).

Então, cá estou eu! Se tenho que falar de algo mais específico que essas generalidades, que seja sobre... COMIDA! Hehehe. Eu tenho sofrido um pouco com comida por dois motivos: falta de sal (facilmente resolvível) e excesso de pimenta. Eles exageram. Sério mesmo. Dia desses deixei de lado o que estava comendo (acho que era arroz tailandês e uma carne na tigela) simplesmente porque não conseguia comer aquele troço apimentado. Mas isso não acontece todo dia e às vezes dá pra fugir da pimenta simplesmente coisas que não levam tanto condimento.
Para ter uma idéia da minha alimentação: de manhã tomo leite, café (coisa que não fazia no Brasil) e como cereal (idem). No almoço é roleta russa, pode ser qualquer coisa... Por exemplo:
Omelete (você escolhe o "recheio")

Macarrão com galinha, tigela de carne e suco de cranberry
Torta de lima (lemon), não muito doce...

Essas fotos foram tiradas em dias diferentes e em horários diferentes. O restaurante da faculdade (onde como) faz coisas mais ou menos diferentes todos os dias, mas não há muita variedade em cada refeição. Mas tudo bem, pelo menos eles têm comidas razoáveis de vez em quando - e aí o negócio é aproveitar esses dias!

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Primeira parada

Posted by Peterson Mayrinck On 11:26

Voar é uma experiência curiosa. Claro, o principal motivo é não sermos pássaros ou baleias sendo carregadas por pássaros twitter hehehe – mas o encontro de tantas pessoas diferentes indo para cantos igualmente diversos é das coisas que mais atraem.

Vindo para São Paulo (suponho que vou conseguir acessar a internet aqui, mas está uma lenda), o comandante da aeronave proporcionou uma viagem bem legal. Saímos de Recife com o céu um pouco nublado, depois de uma noite de chuva (pelo menos é o que dizem, eu estava dormindo nessas horas) e logo chegamos ao litoral de Pernambuco e suas águas azuis. Mar bonito para acompanhar o mar de morros que se estendia pela paisagem – às vezes revezando com estuários e mangues aqui e acolá, pintado por cidades, vilarejos e localidades diversas. Mais de dois mil quilômetros até chegar à capital paulista – mas estou me estendendo, devo ir mais devagar (coisa que o piloto não fez).

Quase 900 km/h (às vezes ultrapassando essa marca) – em Alagoas ele diminuiu para apreciarmos as praias, em Sergipe ele parou e descemos para tirar fotos, dançamos um pouco na Bahia e fomos mais rápido e rápido para dar um loop no Rio de Janeiro e descer com tudo na Baía de Guanabara, onde o comandante Queiroz deu um rasante e fizemos uma “oooooooooola”.

Brincadeiras à parte, o voo foi tranquilo – ok, algumas vezes houve turbulência, mas nada que incomodasse Otávio. Sim, mas quem é Otávio?

Assim que sentei na minha cadeira, CINCOEFE, fiquei preocupado com uma criança que estava no colo da mãe logo atrás de mim. Inclinei um pouco meu assento e disse à mulher que poderia falar comigo caso isso incomodasse – pensei na minha irmã e no filho dela e isso me fez ter simpatia pelo trabalho dela de cuidar de uma criança com pouco mais de um ano.

Sem nada melhor pra fazer, cochilei depois do almoço (um macarrão fettucini com pedaços de presunto e ervilhas; tapioca gelada e doce para a sobremesa) em uma posição desconfortável. Até ser acordado, poucos minutos depois de cair no sono, por uma mão me tocando. Acordei alarmado pensando que incomodava a mãe, mas não – era o próprio Otávio, o filho da mãe (sem trocadilhos)! Um menino loiro, fofo e bastante silencioso para uma criança. Gostei dele!

Não teve decolagem ou pouso, turbulência, barulho ou coisa alguma que fizesse Otávio abrir a boca para reclamar – só fazia brincar com a mãe, o pai e eventualmente com outros passageiros (meu caso). Otávio me mostrou que para voar basta ter asas e que às vezes é preciso ser inocente para mostrar ao medo quem é que manda.



(queria ter colocado esse post quando estava em SP, mas não consegui acessar internet lá... Então vai agora atrasado)