sexta-feira, 18 de março de 2011

Mesquita

Posted by Peterson Mayrinck On 13:04 No comments

Há algumas semanas atrás visitei uma sinagoga aqui em Halifax - coisa que me impressionou bastante, talvez por conta de tradições que se estendem por séculos ou pelo contato com uma fé diferente daquela a qual eu estava acostumado. Hoje, um dia com ventos que ultrapassaram 50 km/h, visitei uma mesquita. Apesar das características de ambas as religiões - judaísmo e islamismo - serem distintas, elas me provocaram o mesmo efeito.


Eu não sei se conseguiria relatar o que senti. A primeira sensação foi a de "não-pertencimento" àquele lugar, àquela celebração. As pessoas envolvidas na oração, em muito maior quantidade do que na sinagoga, seguiam o ritual em árabe - tentei emular seus movimentos, mas sem entender o que estava a tomar corpo naquele momento. Depois é que tive uma explicação satisfatória sobre os atos lá praticados - e digo, até agora, que foi um dos rituais de maior espiritualidade de que já participei.


Em dado momento, o iman (palavra que significa 'líder' e que não necessariamente está ligada ao contexto religioso) fez o que os católicos chamariam de sermão. E nesse momento ficou clara a ligação entre política e religião. Infelizmente eu não lembro as palavras exatas que o iman usou para proferir seu discurso, mas ele trouxe à tona o momento delicado em que algumas populações na África e Oriente Médio estão inseridas. Ele falou de duas notícias: uma boa, que seria a resolução da ONU por um cessar-fogo na Líbia; e uma má, que foi o assassinato de dezenas de pessoas no Iêmen durante um protesto. "Allah condena a injustiça" ele disse "e a injustiça não é com Allah, ou com outras pessoas, mas consigo mesmo, com a sua própria alma", complementou.


Quanto à ONU, o iman falou algo perspicaz. "Por que a ONU demorou tanto para tomar uma medida? Por quê? Por que colocar o petróleo, os interesses econômicos, acima das pessoas? São seres humanos que estão morrendo! Algo já deveria ter sido feito".


Não posso deixar de lado o papel relegado às mulheres. Tradicionalmente, elas não deveriam participar das orações na mesquita - mas isso mudou ao passar do tempo, e agora elas podem participar, mas separadas dos homens. Curioso é quando um pai leva sua filha pequena para a mesquita e ela tem que ficar longe dele, indo à procura dele de vez em quando com um olhar perdido e um véu marrom cobrindo seu cabelo, enquanto sua roupa de frio rosa chama menos atenção que os seus olhos.



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